quinta-feira, 5 de março de 2009

Entrevista de Dom José Cardoso Sobrinho sobre aborto de gêmeas





"Quem faz aborto é excomungado"

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, resolveu se pronunciar sobre o caso da criança grávida de gêmeos na noite de ontem. Disse que estava preocupado com a iminência do "assassinato de duas crianças" e que tentou evitar o aborto ao longo do dia. Conversou com o diretor do Imip, com o presidente do Tribunal de Justiça e por fim tentou falar com o governador Eduardo Campos, mas não obteve sucesso. Na opinião do arcebispo, a lei de Deus deve estar sempre acima da lei dos homens.

A igreja é contra o aborto, mas nesse caso a gestante tem apenas nove anos e foi vítima de estupro. Mesmo assim a igreja continua sendo contrária?


Procuramos observar a lei de Deus, que está acima de qualquer lei humana. Nós temos no Brasil leis humanas que são contra a lei de Deus, tais como o divórcio e o aborto. Quem acredita em Deus ou em outra vida procura cumprir a lei maior. O quinto mandamento diz: "Não matarás". Não podemos matar um inocente. Quem faz aborto é excomungado.

Mas se a gestante corre risco de vida ao levar adiante a gestação?

O princípio moral da igreja é: não se pode fazer mal com finalidade boa. Temos que cuidar da saúde dela, salvar a vida dela. O meio para salvar a vida da mãe não pode ser matar os filhos. Se fosse assim, seria permitido roubar para distribuir entre os pobres porque os fins justificariam os meios.

De que forma o senhor tentou evitar o aborto?

Pela manhã, liguei para o doutor Antônio Figueira, do Imip, porque soube que o aborto estava marcado para às 8h. Pedi uma audiência com ele e nos reunimos aqui no Palácio dos Manguinhos. Ele explicou que a menina não corria risco de morte nem hoje, nem amanhã. Depois falei com o presidente do Tribunal de Justiça, Jones Figueirêdo, e pedi que não houvesse nenhuma liminar para nos pegar de surpresa. À noite, recebi uma ligação do Imip dizendo que a mãe havia levado a criança para outro lugar.

O senhor também ligou para o governador?

Hoje à noite (ontem) tentei contato com Eduardo Campos e não consegui retorno. Queria solicitar que ele tomasse uma atitude para evitar o assassinato de duas crianças ainda esta noite (ontem), em qualquer hospital público.

8 comentários:

Attílio disse...

Lamantável a postura desse sr. Bispo em querer por em risco a vida de uma crinaça de 9 anos que foi estuprada.
Se essa for a posição da Igreja Católica eu Attílio Piraíno Filho, Católico Praticante, também quero ser excomungado, pois não foi o que eu aprendi no Catecismo em 1960, ou mudaram os valores e não me avisaram.

Unknown disse...

Os médicos têm condições de avaliar os riscos à saúde da criança grávida (e não um arcebispo). Eles afirmam e todos sabemos que uma menina de 9 anos não tem seu aparelho reprodutor pronto para suportar uma gestação de gêmeos. É uma pena que a Igreja Católica insista no celibato. Impossível que um ser HUMANO que houvesse tido uma filha ou uma neta de 9 anos, estuprada, correndo risco de morte numa gravidez de extremo risco, pudesse ser tão frio ao analisar o ocorrido. Como pode esse senhor arcebispo valorizar mais vidas em formação e desprezar a existência dessa menina já tão sofrida??? Por que ele não excomungou também o agressor, estuprador que a colocou nessa situação de risco???? Excomungar toda uma equipe médica e a família da vítima só pode ser uma sandice, um desequilíbrio mental. É colocar-se acima da vontade de Deus, pois duvido que Deus, na sua infinita JUSTIÇA, permitiria o risco extremo que correria a sua filhinha de 9 anos, abusada e grávida de gêmeos. Como falar em "Leis de Deus", se elas foram escritas pelos homens também!!!!É muita petulância desse Senhor Arcebispo que pensa ter o poder de decidir quem pode ou não pode ser cristão católico. Essa excomunhão não pode prosperar. Espero que o Papa a anule e aposente o arcebispo pelos desserviços à Igreja Católica neste desgastante episódio, afinal, ele já tem idade para a aposentadoria. Respeito a sua posição em razão de sua idade e formação teológica, mas não aceito essa postura em relação a outros seres humanos, filhos de Deus, como ele. Ass. Ana Maria Bueno, católica apostólica romana, racional.

Brasil Pela Vida disse...

Caro Diogo,
o livro ALICE NO PODER DE ASCLÉPIO ENTRE ÓVULOS, EMBRIÕES E FETOS entra no mérito dessa discussão.
É em forma de romance. Minha experiência mostrou que pode ser apreciado no nível médio. A moçada se torna muito sensível e crítica quanto a essa questão.

Vocês devem conhecer. Claro, e divulgar.
Cecília

Brasil Pela Vida disse...

Recebemos de nosso participante o e-mail abaixo
From: SOMMIX Central de áudio


assino em baixo,
Louvemos a vida
e clamemos a Misericordia Divina

Brasil Pela Vida disse...

Prezado Attilio

Neste blog encontrará a posição da Igreja desde o seu primórdio, que foi sempre contra o aborto.

Quanto a excomunhão, não foi o Arcebispo que excomungou, pois a excomunhão é latae sentenciae e ipso facto, ou seja, dado o fato a excomunhão é automática. O que o Arcebispo fez foi declarar o que diz a doutrina católica à respeito.

Brasil Pela Vida disse...

Prezada Ana

Quanto saber se a criança tem o aparelho reprodutor pronto para suportar uma gestão de gêmeos, não sou médico, mas veja o que diz uma obstetra em carta que foi publicada hoje, no jornal O Estado de São Paulo:

Por que os médicos de Pernambuco interromperam a gravidez gemelar de uma menina de 9 anos? Por causa da idade? Por causa de sua estrutura física? Ora, a peruana Lina Medina, de estrutura franzina, teve um filho saudável aos 5 anos de idade, por cesariana, em 1939. É a mãe mais jovem já confirmada na história da medicina.

Cleomenes Barros Simões cleobazi@hotmail.com

obstetra

Guarulhos

Unknown disse...

É, teve 1 (um)filho... Por si só, já é um absurdo. Além disso, foi pura sorte, uma exceção. Arriscar a vida de uma garota de 9 anos para salvar dois fetos, frutos de uma violência sexual?
Em 4-5 meses mais de gestação as crianças pesariam 2/3 do peso corporal da garota, teriam quase o mesmo tamanho que a mãe.
A menina não estava fisicamente, biologicamente, emocionalmente ou psicologicamente preparada.

Unknown disse...

Agradeço a sua resposta, mas,ora, digo eu, senhores, pois se houve UM ÚNICO CASO, o que por certo terá sido um milagre de Deus, em sua infinita bondade, haveremos de esperar sempre que o mesmo ocorra com qualquer criança deste mundo?????
O caso mencionado pela obstetra em questão, ocorreu no Perú, em 1939, quando, provavelmente, não havia estudos suficientes que comprovassem os risco de morte a uma mãe tão jovem, ou melhor, tão criança, tão frágil. Será que aos cinco anos de idade essa criança sabia o que estava acontecendo com ela??? Será que seus pais sabiam o que estava ocorrendo com a filhinha??? O mais provável é que não. Talvez achassem que ela estava "doente"? Isto não é o caso atual que chegou ao conhecimento de todos os responsáveis pela vida da nossa menina de 9 anos. É fácil condenar o próximo, principalmente com base em leis eclesiásticas ou não, mas é preciso ir além, é preciso buscar a verdade em Deus e eu tenho certeza que Ele não apoiaria a expulsão de Sua casa de seres humanos que se importaram com uma de suas filhas, pequena, indefesa, necessitada de apoio moral, psicológico, físico, etc.
Eu acho que é simplesmente prático seguir as regras sem se importar com a realidade e com a atualização das mesmas regras. Eu sei também, que se houvesse em nossas famílias casos semelhantes eu não teria dúvidas em autorizar o mesmo fato, mesmo sentindo muito a minha expulsão da casa de Deus por regras feitas pelos homens. Assim, eu sei que continuaria sendo filha dileta do Pai. Deus está acima desta discussão, pena que a Igreja não esteja percebendo isso........